No dia 14 de abril de 2025, o Santos Futebol Clube completa 113 anos de história. E que história! Uma trajetória recheada de conquistas, craques inesquecíveis e momentos que eternizaram o nome do clube não só no cenário nacional, mas também no coração do futebol mundial.
O Santos não é apenas um time de futebol — é um patrimônio imaterial do esporte, uma verdadeira fábrica de talentos, e, acima de tudo, uma paixão que atravessa gerações.
O alvinegro praiano, como é carinhosamente chamado, representa a ousadia, a beleza e a leveza do futebol arte. Fundado em 1912, o Santos moldou sua identidade em cima de princípios como a valorização da base, o jogo ofensivo e a formação de ídolos.
Neste aniversário de 113 anos, relembrar sua rica história é mais do que uma celebração: é um tributo a tudo que esse clube representa para milhões de torcedores espalhados pelo mundo.
Desenvolvimento Histórico
A Vila Belmiro: O Berço do Rei e a Catedral da Bola
O Estádio Urbano Caldeira, mais conhecido como Vila Belmiro, é muito mais que um simples palco de partidas. É um santuário. Localizado no bairro da Vila Belmiro, em Santos, o estádio foi inaugurado em 12 de outubro de 1916 e, desde então, se tornou o lar e a alma do clube.
Com capacidade atual para cerca de 16 mil torcedores, a Vila já recebeu multidões muito maiores em tempos de arquibancadas lotadas e pouca exigência de segurança. Foi lá que Pelé encantou o mundo, que Robinho aplicou os seus pedaladas, e que Neymar fez chover dribles mágicos.
A aura da Vila Belmiro transcende os muros. O estádio é conhecido internacionalmente como o “Alçapão da Vila” e já recebeu visitas ilustres, como a do escritor Eduardo Galeano, que disse: “A Vila Belmiro é o templo do futebol, e Pelé foi seu maior sacerdote.”
A Vila Belmiro é conhecida também por ter se tornado um pesadelo para os seus adversários, não faltaram expressões de espanto e medo, mas acima de tudo, muito respeito por aqueles que foram personagens de grandes batalhas épicas nos gramados do lendário estádio.
“Jogar aqui, na Vila Belmiro, é como jogar no inferno!” – Canera (jogador do Cúcuta)
“O estádio mais difícil de se jogar é na Vila Belmiro!” – Rogério Ceni
“O meu maior medo é enfrentar o Santos na Vila Belmiro, porque lá o bicho pega, é muito mais tensão, muito mais influência do que o Morumbi ou qualquer outro estádio lotado!” – Vanderlei Luxemburgo
“Eu já joguei em estádios lotados por todo o mundo, mas pelo jeito que a Vila Belmiro foi construída, jogar aqui é onde a gente mais sente a pressão da torcida!” – Raí
“A Vila Belmiro com 20 mil sufoca mais que o Maracanã com 80 mil, parece que os torcedores estão gritando do nosso lado!” – Juninho Paulista
Curiosidades não faltam: durante a década de 1960, quando o Santos viajava o mundo em excursões históricas, a Vila era o ponto de partida e de retorno triunfal dos heróis santistas. O estádio também foi o primeiro do Brasil a ter um placar eletrônico, instalado em 1974, e é até hoje símbolo de resistência à modernização desenfreada do futebol.
Ídolos Eternos: Pelé, Neymar, Robinho e Araken Patuska
Nenhum clube no Brasil pode se orgulhar tanto de seus ídolos como o Santos. Desde os primórdios até os tempos recentes, o alvinegro sempre foi celeiro de talentos que deixaram marcas profundas no futebol.
Pelé – O Rei do Futebol
Pelé não foi apenas o maior jogador do Santos: foi o maior jogador de todos os tempos. Chegou ao clube em 1956 com apenas 15 anos e, logo no ano seguinte, já era campeão paulista. Com a camisa santista, Pelé marcou 1.091 gols — um feito que jamais será superado. Venceu tudo: Campeonato Paulista, Taça Brasil, Libertadores (1962 e 1963), Mundial Interclubes (1962 e 1963) e encantou plateias em todos os continentes.
O mundo se curvou ao Santos por causa de Pelé. E o próprio Pelé, em entrevista, resumiu: “O Santos foi o meu lar, a minha escola, o palco onde realizei todos os meus sonhos. Foi onde me tornei Rei.”
Neymar – O Menino da Vila do Século XXI
Em 2009, o torcedor santista voltou a sonhar com a chegada de Neymar. Com um estilo atrevido, leve e ousado, Neymar devolveu ao Santos o brilho dos tempos de Pelé. Foi campeão da Copa do Brasil (2010), da Libertadores (2011) e tricampeão paulista (2010, 2011 e 2012). Seu gol antológico contra o Flamengo, em 2011, foi eleito o mais bonito do ano pela FIFA.
Neymar reviveu a magia da Vila e encantou o mundo, antes de partir para a Europa. Ao se despedir, disse: “Aqui eu fui feliz como nunca. O Santos é meu eterno amor.”
Após 13 anos o que parecia impossível aconteceu: Neymar Jr, o Menino da Vila que encantou o mundo, está de volta ao Santos Futebol Clube. Mais do que o retorno de um ídolo, sua volta marca um símbolo de esperança, orgulho e renascimento para a nação santista.
Depois de enfrentar a dor de uma queda inédita para a Série B e lutar com garra pelo retorno à elite do futebol brasileiro, o Santos vive agora um novo ciclo. E nada poderia representar melhor esse momento de reconstrução do que o reencontro com sua maior joia da era moderna.
Neymar retorna à Vila Belmiro não apenas como jogador, mas como um verdadeiro embaixador do espírito santista. Ele traz consigo não só os dribles e gols, mas a essência de um clube que nunca deixou de sonhar — mesmo nos dias mais difíceis.
A camisa 11 volta a brilhar no estádio que o revelou, reacendendo a chama de uma torcida apaixonada e mostrando ao mundo que o Santos, agora mais forte, mais maduro e mais unido, está pronto para escrever uma nova história. E ela começa com um nome: Neymar Jr.
Robinho – A Arte da Pedalada
Robinho surgiu como um furacão em 2002, conduzindo o Santos ao título brasileiro depois de 34 anos. As pedaladas sobre o lateral Rogério, do Corinthians, na final daquele Brasileirão, entraram para o folclore do futebol nacional. Em 2004, levou o Santos novamente à final do campeonato. Retornou em outras passagens, sempre sendo recebido com carinho pela torcida. Robinho era a alegria em forma de futebol.
Araken Patuska – O Pioneiro Imortal
Muito antes de Pelé, o Santos já era grande. Araken Patuska foi o primeiro grande nome da história do clube. Craque dos anos 1920 e 1930, Araken foi o primeiro santista a defender a Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo (1930). Também foi o primeiro a marcar 100 gols com a camisa alvinegra. Sua dedicação e amor ao clube foram tão intensos que é comum ouvir torcedores antigos dizendo que “sem Araken, o Santos não teria existido como conhecemos”.
Conquistas Memoráveis: Glórias Nacionais e Internacionais
A história do Santos é marcada por uma prateleira recheada de troféus. São títulos que engrandecem a trajetória do clube e eternizam seu nome no futebol.
Principais conquistas:
- Mundiais Interclubes: 1962 e 1963
- Copa Libertadores da América: 1962, 1963 e 2011
- Campeonato Brasileiro: 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1968, 2002 e 2004
- Copa do Brasil: 2010
- Recopa Sul-Americana: 2012
- Campeonato Paulista: 22 títulos até 2023
O Biênio de Ouro do Santos: Conquistas Mundiais que Marcaram o Futebol Brasileiro (1962-1963)
Os anos de 1962 e 1963 representam um período de glória inigualável para o Santos Futebol Clube e para o futebol brasileiro. Sob a liderança do genial Pelé e de um elenco estelar, o clube da Vila Belmiro não apenas dominou o cenário nacional, mas também ascendeu ao topo do mundo, conquistando o bicampeonato mundial interclubes.
Em 1962, após faturar a Taça Brasil (o Campeonato Brasileiro da época) e o Campeonato Paulista, o Santos encarou o Benfica de Eusébio na final do Mundial Interclubes. Em uma exibição de gala no Estádio da Luz, em Lisboa, o Peixe atropelou os portugueses por 5 a 2, com três gols de Pelé, garantindo o primeiro título mundial para o clube e para o Brasil.
No ano seguinte, a história se repetiu. Bicampeão da Taça Brasil e do Paulistão, o Santos chegou à final do Mundial contra o Milan, de Cesare Maldini. Após uma derrota na Itália e uma vitória no Brasil, o título foi decidido em um jogo de desempate no Maracanã. Diante de mais de 120 mil torcedores, o Santos venceu por 4 a 2, com dois gols de Pelé, selando o bicampeonato mundial.
Essas conquistas transcenderam os limites do clube. Em uma época onde o futebol brasileiro ainda buscava afirmação no cenário internacional, os títulos mundiais do Santos projetaram o país como uma potência futebolística. O talento de Pelé e a qualidade do time santista encantaram o mundo, abrindo portas para que outros clubes e jogadores brasileiros fossem reconhecidos globalmente.
O Santos de 1962-1963 personificou o auge do futebol-arte, com um ataque avassalador e um meio-campo criativo. As conquistas mundiais não apenas encheram de orgulho a torcida santista, mas também inspiraram uma geração de brasileiros e consolidaram o futebol como paixão nacional. Aqueles títulos representam um marco na história do esporte brasileiro, eternizando o Santos como um dos maiores clubes do mundo.
“Gylmar, Lima, Mauro, Dalmo, Zito, Calvet, Dorval, Coutinho, Pelé e Pepe…
Como uma velha canção que atravessa o tempo, essa escalação ecoa na voz emocionada de Milton Neves, tantas vezes repetida no rádio e na televisão, como se cada nome fosse uma nota de um hino sagrado ao futebol.
Era mais que um time — era magia em chuteiras, poesia em movimento, sonho vestido de branco. Reconhecido pela FIFA como um dos dez maiores da história, esse esquadrão não pertence só às estatísticas: pertence à alma de quem viu, de quem ouviu falar, de quem ainda se emociona só de lembrar.
Imortalizados, não apenas por títulos, mas por terem transformado o futebol em arte e memória.”
A Pausa na Guerra: O Santos e o Poder do Futebol na África
Em meio ao turbilhão de conflitos que assolavam a África na década de 60, um evento singular transcendeu as fronteiras da política e da guerra: a passagem do Santos Futebol Clube pelo continente. Liderado pelo lendário Pelé, o esquadrão alvinegro personificava o auge do futebol mundial, encantando plateias com seu jogo mágico e envolvente.
A aura do Santos era tamanha que, em algumas ocasiões extraordinárias, relatos narram que cessar-fogos foram temporariamente estabelecidos em regiões conflagradas para que ambos os lados pudessem testemunhar a arte daquele time em campo. A paixão pelo futebol e a admiração por Pelé uniam momentaneamente inimigos, proporcionando uma pausa na brutalidade da guerra em nome do esporte.
Esses episódios, carregados de simbolismo, elevam o Santos a um patamar que vai além do esportivo. Demonstram a força do futebol como um elo cultural poderoso, capaz de tocar corações e, por um breve instante, silenciar o fragor da batalha. A passagem do Santos pela África ecoa como um testemunho da capacidade do esporte de inspirar, unir e até mesmo, momentaneamente, pacificar o mundo.
Tri Campeonato da Libertadores da América – 2011
Entre tantas vitórias, vale destacar a conquista da Libertadores de 2011. Após um jejum de quase 50 anos, o Santos voltou a reinar na América com um time comandado por Neymar, Ganso e Elano. A final contra o Peñarol, vencida por 2 a 1 na Vila, foi a consagração de uma geração.
Frases marcantes também ajudam a contar essa trajetória. Em 2002, após o título brasileiro, o então técnico Emerson Leão declarou: “O Santos não ressuscitou. Ele apenas acordou. E quando o Santos acorda, o Brasil inteiro assiste.”
O Santos Futebol Clube completa 113 anos não como uma entidade presa ao passado, mas como uma instituição viva, pulsante e cheia de significados. A cada drible na Vila, a cada menino revelado, o clube reafirma sua essência: ser eterno.
Mais do que um time de futebol, o Santos é um sentimento. É a lembrança do pai que levava o filho à arquibancada, do rádio colado ao ouvido em tardes de domingo, do primeiro grito de gol. É tradição que resiste, mesmo diante das dificuldades, com a cabeça erguida e o peito estufado de orgulho.
O Santos é Pelé, é Araken, é Zito, é Pepe, é Serginho Chulapa, é Paulo Izidoro, é Rodolfo Rodrigues, é Giovani, é Robinho, é Diego, é Ganso, é Neymar, o Santos é a Vila, é você torcedor.
E como bem disse o saudoso torcedor Zito, eterno capitão santista: “O Santos não tem idade. Ele tem alma.”
Parabéns, Santos Futebol Clube. Que venham mais 113 anos de magia, talento e conquistas.
Porque o mundo precisa de mais Santos. E nós, torcedores, precisamos apenas do nosso eterno alvinegro praiano.