PÓS-JOGO: SANTOS 0X0 CEARÁ

O Pior Início de Brasileirão da História do Peixe

Com mais de 35 mil torcedores no Allianz Parque, o Santos, pouco produtivo, previsível e com poucas ideias novas, empatou sem gols com o Ceará, em um resultado com gosto de derrota. Pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro, o placar manteve o Peixe como o segundo pior time da competição, sem perspectivas de se afastar da zona de rebaixamento, já que está a quatro pontos do 16º colocado.

O desempenho reflete a falta de planejamento e as decisões equivocadas da diretoria santista desde o retorno à elite do futebol brasileiro. O jogo desta segunda-feira era visto como “a partida da virada”. O técnico Cléber Xavier fez três alterações no time: Luisão e Deivid foram para o banco, enquanto Schmidt se juntou a Guilherme e Neymar no departamento médico. Aderlan, Bontempo e Tiquinho Soares foram as novidades entre os titulares.

O Jogo

Com dificuldade para trocar passes e encontrar espaços na defesa adversária, o Santos abusou da ligação direta, especialmente com o zagueiro Zé Ivaldo. A estratégia era clara: lançar a bola para Soteldo e esperar que o venezuelano criasse algo especial. Rollheiser, atuando pelo lado direito, teve pouca efetividade no início, mas se tornou mais participativo ao se aproximar de Soteldo, tornando o lado esquerdo do ataque santista mais perigoso.

O técnico do Ceará, Léo Condé, percebeu a dependência do Santos pelo lado esquerdo e dobrou a marcação sobre Soteldo, com Fabiano Souza e Galeano. Mesmo assim, o venezuelano foi o jogador mais incisivo do ataque alvinegro. Pouco criativo e insistindo em bolas longas, o Santos só conseguiu seu primeiro chute a gol aos 25 minutos do segundo tempo, com Tiquinho Soares, que obrigou o goleiro Fernando Miguel a fazer sua única defesa no jogo — insuficiente para um time que precisava desesperadamente de pontos.

Ao fim da partida, o Santos acertou o gol adversário apenas uma vez, enquanto o Ceará finalizou seis vezes contra a meta alvinegra. Apesar de uma semana livre para treinamentos, Cléber Xavier não trouxe novidades táticas, e o time não evoluiu tecnicamente. O torcedor viu os mesmos problemas do time de Caixinha: meio-campo espaçado, ligação direta entre defesa e ataque, falta de criatividade e pouca finalização. A única diferença foi a insistência em jogadas aéreas, buscando explorar Tiquinho Soares e Thaciano na área adversária.

No segundo tempo, com a necessidade de vitória, as substituições de Cléber Xavier desorganizaram ainda mais o time, remetendo às decisões de seu antecessor. A saída de Bontempo para a entrada de Deivid Washington foi questionável, deixando um buraco no meio-campo e permitindo contra-ataques do Ceará. O Santos terminou o jogo em um 4-2-4 desequilibrado.

As mudanças ideais, que poderiam ter ocorrido no intervalo, seriam a entrada de Barreal no lugar de Thaciano, com Rollheiser e Soteldo como meias, aproximando-se de Barreal e Bontempo para trocas de passes rápidas e uma transição ofensiva mais veloz.

Mais uma vez, o goleiro Gabriel Brazão foi destaque, com pelo menos duas grandes defesas. Uma delas em um chute de Rômulo, ex-Palmeiras, da intermediária, e outra em um lance cara a cara com Lelê, em que Brazão defendeu duas vezes, mandando a bola para escanteio e evitando um resultado pior para o Peixe.

No último lance, Veron, que substituiu Tiquinho Soares, encontrou Deivid Washington entre as linhas da defesa cearense. Em uma jogada de velocidade, o atacante santista ficou cara a cara com o goleiro Fernando Miguel, mas foi interceptado por Willian Machado. O árbitro Felipe Fernandes de Lima inicialmente expulsou o defensor do Ceará, considerando a jogada uma falta clara de chance de gol. Porém, após revisão no VAR, o juiz constatou que Willian tocou a bola antes de atingir o jogador santista, anulando o cartão vermelho e revertendo a marcação da falta.

O Santos realizou 35 cruzamentos, acertando apenas nove, e terminou a partida com um único chute a gol. Na coletiva, Cléber Xavier destacou a posse de bola e o volume de jogo do time, mencionando 14 finalizações. No entanto, o Peixe foi extremamente previsível. O treinador escalou mal e, ao tentar corrigir, substituiu de forma equivocada.

A cada jogo, fica evidente que o elenco é desequilibrado e faltam peças-chave. O Santos investiu muito, mas mal. Os 30 milhões gastos em Thaciano, por exemplo, ainda não se justificaram.

Na oitava rodada do Brasileirão de 2023, quando caiu para a Série B, o Santos tinha 11 pontos. Agora, na mesma rodada, o time soma apenas cinco pontos, menos da metade do aproveitamento de 2023, com míseros 20% de rendimento. Este é o pior início do Santos na era dos pontos corridos. O desespero começa a rondar a Vila Belmiro, e o time parece sem forças para reagir.

No empate sem gols contra o Ceará, o Peixe levou 35.240 pagantes ao Allianz Parque, quebrando o recorde de público do estádio neste Brasileirão, superando o jogo Palmeiras 0x0 Botafogo, da primeira rodada.

Melhores do jogo: Brazão (sempre ele), Rollheiser e Soteldo.
Piores do jogo: Aderlan, Thaciano e Tiquinho Soares.

A seguir, quadro comparativo do jogo – Fonte: VHdeVictorHugo

Pós-Jogo - Quadro-Comparativo-Santos-0-0-Ceara

Próximos Passos

O Santos enfrentará uma sequência de três jogos fora de casa: Corinthians e Vitória, pelo Brasileirão, e CRB, pela Copa do Brasil, com a expectativa de que Neymar esteja entre os relacionados. O time tinha tudo para iniciar uma reação em um cenário favorável. Agora, em meio às adversidades, o elenco precisará mostrar personalidade para evitar que o torcedor veja 2025 como um ano perdido, mesmo com a possível volta de Neymar.

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