Após a demissão do português Pedro Caixinha, o Santos vive um momento de incertezas sobre quem será o novo comandante. César Sampaio segue à beira do campo dirigindo a equipe, mas tanto o presidente Marcelo Teixeira quanto o CEO Pedro Martins continuam atentos ao mercado em busca de um novo técnico.
Marcelo Teixeira alega que o mercado está hostil, o que justificaria a demora na contratação. No entanto, a verdade é que, ao procurar um novo profissional, o Santos recebeu algumas negativas, o que acabou frustrando a diretoria santista.
Nos últimos cinco anos (de 2020 até abril de 2025), o Santos Futebol Clube teve 10 treinadores diferentes à frente da equipe principal. Essa alta rotatividade reflete um período de instabilidade técnica e administrativa no clube. Veja a lista dos treinadores nesse período:
- Jesualdo Ferreira – Dezembro de 2019 a agosto de 2020
- Cuca – Agosto de 2020 a fevereiro de 2021
- Ariel Holan – Março a abril de 2021
- Fernando Diniz – Maio a setembro de 2021
- Fábio Carille – Setembro de 2021 a fevereiro de 2022
- Fabián Bustos – Março a julho de 2022
- Lisca – Julho a agosto de 2022
- Odair Hellmann – Início de 2023 até meados do ano
- Fábio Carille (segunda passagem) – Dezembro de 2023 a novembro de 2024
- Pedro Caixinha – Janeiro a abril de 2025
Na prática, o Santos troca de treinador, em média, a cada quatro meses. O mercado observa essa instabilidade, e seria ingenuidade dizer que esse fator não influencia nas respostas negativas que o clube tem recebido.
Outro entrave enfrentado pela diretoria é que Pedro Caixinha ainda não assinou sua rescisão contratual com o clube, o que impede a contratação oficial de outro profissional.
Segundo o regulamento da CBF, não é permitida a inscrição de um novo técnico enquanto o vínculo anterior estiver ativo, mesmo que o treinador tenha pedido demissão. Caso o clube ignore essa norma, a entidade pode se recusar a registrar o novo técnico, impedindo-o de trabalhar.
A CBF ainda pode aplicar punições ao clube que desrespeitar a regra, como multas e até suspensões.
O contrato firmado com Pedro Caixinha envolve a maior multa rescisória da história do futebol brasileiro, totalizando 18 milhões de reais — sendo 12 milhões destinados ao treinador e 6 milhões à sua comissão técnica.
Para fins de comparação, o Voz Santista apresentou os valores de rescisões de outros técnicos no Brasil:
- Vítor Pereira (Flamengo – 2023): R$ 15 milhões
- Jorge Jesus (Flamengo – 2020): R$ 9 milhões
- Domenec Torrent (Flamengo – 2020): R$ 11 milhões
- Sampaoli (Flamengo – 2023): R$ 12 milhões
- Mano Menezes (Corinthians – 2024): R$ 9 milhões
O contrato firmado com Caixinha prevê pagamento à vista, sem possibilidade de parcelamento. Enfrentando dificuldades financeiras, o Santos tentou um acordo, propondo o pagamento da multa em três anos. Caixinha recusou, mas sinalizou, por meio de seus representantes, aceitar um parcelamento até dezembro de 2025.
Mesmo sem resolver esse impasse, o Santos segue ativo no mercado em busca de um novo treinador.
O nome mais comentado nos últimos dias foi o do argentino Ramón Díaz, recém-demitido do Corinthians. Chegou-se a especular que seu nome teria sido sugerido por Neymar pai.
Ramón Díaz deixou o Vasco da Gama com um aproveitamento de 52,7% e, no Corinthians, obteve um desempenho ainda melhor: 62,2%.
No entanto, o experiente treinador argentino frustrou as expectativas da diretoria santista ao recusar prontamente o convite. Segundo ele, não pretende assumir nenhum clube neste momento e deseja descansar.
Outros treinadores também recusaram o convite do Peixe, como Tite, Dorival Jr. e Sampaoli. Além das recusas, houve sondagens que não avançaram — ora por critérios técnicos, ora por questões financeiras. Entre os nomes cogitados pelo clube estavam Tata Martino, Thiago Motta e André Jardine.
O “não” de Dorival Jr. doeu nos corações alvinegros
Dorival Jr., procurado pelo Santos após sua saída da Seleção Brasileira, inicialmente afirmou, por meio de seus representantes, que não assumiria nenhuma equipe naquele momento. Dias depois, porém, aceitou o convite do Corinthians. O que mudou?
A resposta passa por dois fatores: elenco competitivo e projeto esportivo.
Dorival entende que, apesar dos problemas políticos enfrentados pelo Corinthians — com o presidente Augusto Melo sob ameaça de impeachment — o departamento de futebol vem sendo bem conduzido pelo executivo Fabinho Soldado.
Além disso, o fator financeiro pesou. O Corinthians ofereceu um salário superior ao que Dorival recebia na CBF, enquanto a proposta santista ficou muito abaixo.
Outros nomes como Eduardo Domínguez, Fernando Diniz e Thiago Carpini foram especulados, mas não estão nos planos do clube neste momento.
O que mais preocupa é a falta de uma linha clara de perfil entre os nomes cogitados. Quando se faz proposta para Tite e, em seguida, para Sampaoli, o que se percebe é a ausência de convicção sobre o que o clube realmente busca.
Diante de tantas negativas, a impressão que fica é de que o Santos não consegue apresentar um projeto atrativo — apenas sonda e faz propostas, sem convencer.
O tempo está correndo. A ideia é definir o novo técnico até o jogo contra o Grêmio, marcado para o dia 4 de maio, na Arena do Grêmio.
Seja quem for o escolhido, ele precisa entender o DNA do Santos: revelar talentos e trabalhar com a base. Formar jogadores é, hoje, uma questão de sobrevivência para o clube.
Sem uma arena moderna e com grande capacidade de público, e recebendo cotas de TV inferiores às dos principais concorrentes, o Santos precisa investir na base como principal ativo para manter sua saúde financeira.
Por ora, César Sampaio continua como técnico interino. Até quando? Ninguém sabe… Talvez até a próxima derrota.
Ontem, o time perdeu em casa para o Red Bull Bragantino, com gols de Sasha e Laquintana — a famosa “lei do ex”, com requintes de crueldade. O início da temporada 2025 é pior que o início da temporada em que o time foi rebaixado, em 2023:
- 2023 – 6ª rodada: 10 pontos
- 2025 – 6ª rodada: 4 pontos
O Santos precisa entender o seu momento!
Cabe ao clube uma profunda reflexão: por que um time gigante, histórico e vitorioso deixou de ser atrativo para os treinadores? Por que profissionais como Tite e Dorival Jr. — este último com forte identificação com o clube — disseram não ao Santos e sim ao Corinthians?
Por que o Corinthians, mesmo vivendo uma crise política, se tornou mais atrativo do que o Santos? Por que treinadores desempregados, como Sampaoli, Tite, Dorival Jr. (antes do acerto com o Corinthians) e Ramón Díaz recusaram o projeto santista?
São perguntas dolorosas para o torcedor, mas que precisam ser feitas por quem vive o dia a dia do clube: o presidente, seus assessores, diretores e conselheiros.
O Santos, enquanto instituição, precisa olhar para dentro de si, realinhar sua rota e rever seus processos com o objetivo de identificar e corrigir os erros. Ainda há tempo!
E você, torcedor santista, acredita que o conclave do Peixe anunciará o novo treinador antes do Vaticano anunciar o novo Papa?
 
																		 
																		 
																		 
																		 
															 
								 
								 
								 
								 
								